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  • Foto do escritorJane Rodrigues

3º Seminário de Danças Negras do RS - Semana 4

Atualizado: 30 de ago. de 2020

Tive a oportunidade de participar do "3º Seminário de Danças Negras do Rio Grande do Sul - Narrativas e Performatividades de Mulheres Negras nas Artes da Cena". Minha atuação seria com a elaboração das artes, mas a gente começa a se envolver em outras coisas, neh? Foi uma boa experiência, seminário majoritariamente construido e realizado por mulheres negras, tendo como único negro na organização (se eu não estiver engana) o Prof. Manoel, que junto com a Rita Lende é idealizador do seminário.

Pudemos assistir ao longo do evento discussões a respeito de conquistas e dos direitos de nós mulheres negras. Eu por exemplo a entrar no curso de dança em uma turma de vinte alunas, no qual havia apenas quatro pessoas negras, foi uma conquista. Hoje, chegando a reta final do curso, sou a única aluna negra que se mantem regular, também é uma conquista, mas será que vai ser uma conquista só minha? E as outras? É pouco, precisamos de mais: mais espaços, mais representatividade, mais direitos sendo exercidos, mais oportunidades, mais, mais, mais, mais......


VOCÊS OBSERVARAM QUE ESTAMOS EM UMA DAS CIDADES MAIS NEGRAS DO BRASIL, E QUE EXISTEM POUCAS PROFESSORAS E PROFESSORES NEGRAS/NEGROS NO ENSINO SUPERIOR?


VOCÊS OBSERVARAM QUE FAZ POUQUÍSSIMO TEMPO QUE TEMOS UMA DISCIPLINA DE DANÇAS NEGRAS?


VOCÊS SENTIRAM FALTA DE MAIS AUTORA E AUTORES NEGRAS/NEGROS (BRASILEIRAS/BRASILEIROS) REFRENCIADOS AO LONGO DESSES SEMESTRES? EU SENTI.


É uma certeza que nos mulheres negras não queremos espaço, visibiidade e representatividade apenas no ensino superior, pois se sabe que existem muita gente negra correndo atrás dos seus fora desses muros, como por exemplo as associações, ONGs, projetos socias e culturais, entre outros tantos. Aredito que o problema realmente seja esse não valor do que é feito por nós, podem observar quando conseguimos saber do feito de alguém é quando esta/este já está bem velhinha ou já morreu, complicado não?


Uma outra questão que foi tocada no seminário foi o fato das pessoas não negras entrarem nessa luta conosco, mas não venha me dizer que você minha cara colega/meu caro colega não tem como fazer nada, que não é o seu lugar de fala, pois estará cometendo um engano. Em um país como o nosso com certeza você já deve ter precisando muitas coisas em relação a nós negras/negros, na sua família deve ter uma mistura de negra, até mesmo de indígena, então sim, você pode falar daí de onde você está.


Confesso que às vezes me sinto muito pressionada pelos dois lado sabe, do grupo das pessoas negras e do grupo das pessoas brancas. Eu entendo a nossa luta diária por "N" questões, mas isso não significa que eu tenha que apenas consumir/fluir feitos por nós negras/negros ou que só que tenha que desenvolver trabalhos nesse viés. O poema de Victoria Santa Cruz foi e é uma janela da bandeira contra o racismo, da afirmação e reconhecimento da identidade negra, mas porque não canibalizar uma protagonista branca, será que isso poderia ser uma forma política e de resistência de ocupar espaços?

Eu fico muito cansada, e às vezes me vejo correndo de um lado para o outro, estou tentando descobrir o meu lugar nessa história toda.

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